2007-03-03

"quaresma com vocação de Páscoa"


Apenas uma pequena partilha de um texto que partilharam comigo, mas só sei que o autor é o Padre M. Morujão, s.j. Aqui vai...
"Mais uma vez, atentos seguidores de Cristo, vamos entrar na quarentena de preparação para a Páscoa. Cristo também teve a Sua quaresma quando, "impelido pelo Espírito, foi para o deserto, onde esteve durante quarenta dias e quarenta noites, jejuou e foi tentado pelo demónio" (Lc. 4,1).
Passados quase dois mil anos, que podemos nós tirar como fruto desta etapa da vida do Salvador que vamos reviver? Quaresma... jejum... penitência... cruz... não serão palavras pouco simpáticas aos tímpanos de hoje, realidades que destoam no nosso mundo? De facto, assim acontece. Mas urge por em relevo o positivo destas realidades.
Quaresma, o que vem a ser? Vivida ao jeito cristão, ela não pode deixar de ser uma etapa positiva de crescimento. Vejamos como.

Quaresma=tempo de penitência. É uma igualdade que espontaneamente estabelecemos. Mas que penitência? Não vou inventar novos conselhos. Vou repetir velhos, mesmo já com séculos de idade. Mas cheios de actualidade.
Alguns séculos antes de Cristo, o povo hebreu tinha caído numa onda de formalismo, cumprindo a lei só de fachada. As obras até aparentavam bondade. Davam-se mesmo a práticas de penitência. Mas, no fundo, vinham de um coração sem amor. E os profetas (os profetas sempre foram muito incómodos!) punham o dedo na ferida, indicando claramente que assim não se podia continuar: "Não jejueis como tendes feito até hoje, se quereis que a vossa voz seja ouvida no alto" (Is. 58,4).
É que a penitência, o jejum, não é questão de um bocado a menos de pão, de cobrir-se com cinza ou de rasgar os vestidos. É um amor prático que não pode deixar de se traduzir em sinais externos: "o jejum que Eu aprecio é este - oráculo do Senhor Deus: abrir as prisões injustas; desatar os nós do jugo; deixar ir livres os oprimidos; quebrar toda a espécie de jugo; repartir o pão com o esfomeado; dar abrigo aos infelizes sem asilo; vestir o nu e não desprezar o irmão" (Is. 58, 6-7).
Ou seja: a melhor penitência são as obras de misericórdia; o jejum ideal é o amor prático e concreto. Tudo o que fizermos, como penitência, é para nos levar a este termo.
(...) A penitência é um corrigir da nossa linha de vida, da marcha dos nossos passos. Frei António das Chagas (séc. XVI) fala-nos da penitência como de um "atalho brevíssimo" para nos aproximarmos dos caminhos de Deus. (...) "A cruz é a escada do céu" - diz-nos o santo Cura d'Ars. E, por isso, "deveríamos correr atrás da cruz como um avaro corre atrás do dinheiro". Que conselho tão oportuno! Ser avaro da cruz, do tempo da Quaresma, porque é escada para a Páscoa da Ressurreição.
Não deixemos passar esta quaresma em vão. É que "é agora o tempo favorável, é agora o tempo da salvação" (2Cor. 6,2)! (...) Cristianizemos a nossa Quaresma, vivendo-a na esperança cristã de ressuscitarmos com Crist. Para uma vida melhor. Aproveitemos esta Quaresma com vocação de Páscoa!".

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