2007-01-27

Ordem do dia 1- aborto sim/aborto não

Escutei na RR, no programa de António Sala, a entrevista com o Sr. Padre Vítor Feitor (não sei se é assim que escreve) Pinto, em que uma das questões - como não podia deixar de ser! - teve a ver com o problema que a nossa sociedade vive hoje que é o do ABORTO SIM/ABORTO NÃO. Eis o excerto com o qual eu concordo plenamente:
- "O problema do aborto é um problema ético e civilizacional e não um problema religioso nem político-partidário".
- Hoje "vivemos a chamada ética contratualista". No entanto "há valores que não podem ser" objecto de contrato. "Uma coisa que não poder ser" objecto de contrato "é o direito à vida. O direito à vida é o primeiro direito consignado no art. 24.º da Constituição da República Portuguesa. Também refiro o parágrafo 9 da Convenção dos Direitos da Criança que fala na defesa da vida antes e depois de nascer. É o (...) documento oficial que fala no "antes" de nascer. A vida humana tem um ciclo vital, desde o zigoto até á morte. E o papel da medicina é dar qualidade a esta vida. De contrário, nem está com o Direito nem com a vida".

Eis-me


Eis-me, Senhor.
Cheguei.
Vim para estar contigo,
como quem se senta à beira mar,
à espera da onda sempre nova.
Sempre viva.
Sempre em flor.

Abre o meu coração aos Teus segredos,
que são como o sorriso do melhor Amigo.
Vem à minha praia
e conta-me como quem sussurra
todos os Teus sonhos de felicidade para mim.

Abre o meu ser ao Teu olhar
e purifica-o.
Quero ser a forja
onde o Teu querer se faz fogo.
Amén.

2007-01-23

Conciliar educação-evangelização?

Apenas algumas notas que tirei da comunicação do Prof. Dr. João César das Neves, na acção de formação que a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras promoveu no passado dia 20/1/2007, no Colégio de Nossa Senhora da Bonança, sob o tema
"MUTAÇÃO CULTURAL E EVANGELIZAÇÃO".
A comunicação foi introduzida pela Ir. Cidália Araújo, Conselheira Provincial, referindo como pano de fundo a HOSPITALIDADE PRIMORDIAL pela qual nos movemos, afirmou que "educar, e educar cristamente, é educar para a vida. (...) A educação cristã, sem perder nada do coeficiente humano, é uma missão aberta ao valor profundo e sentido último da vida".
Da comunicação do Prof. Dr. João César das Neves, que dividiu o dia em duas partes, retirei as seguintes notas, sendo que é importante referir que os sublinhados são meus e espelham a ressonância que a reflexão teve em mim.
MAS VEJAMOS:
I PARTE
A partir da afirmação que a educação é diferente de ensino, esclareceu que enquanto o "ensino consiste em aprender informação e desenvolver capacidades, a educação trata da construção da personalidade e do carácter." Reflectiu que "a formação do carácter, de vez em quando, é feita na escola. Ela é feita sobretudo "na" televisão, nos recreios, nos jogos de futebol..."
E o que é o ensino?
"Falar do ensino é falar de duas coisas: de um CONTEÚDO e de um MÉTODO".
"Quando falamos de um CONTEÚDO estamos a falar de uma linguagem e de uma civilização/humanidade". "Devemos enquadrar os nossos alunos no tempo em que vivemos, dar-lhes as bases do conhecimento humano."
Quando nos referimos ao MÉTODO, devemos partir do pressuposto que este "é muito mais importante do que a questão do conteúdo. Consiste em ensinar os nossos alunos a ter uma mente ordenada e curiosa. A par de ensinar a trabalhar."
DOS PROBLEMAS que e escola de hoje, em Portugal, apresenta, temos a "questão da mente ordenada". Partiu da leitura de um texto extraído do primeiro livro de Sherlok Holmes, em que se narra o seu encontro com Watson, para concluir que a afirmação "o saber não ocupa lugar" não corresponde à verdade. "O saber ocupa lugar, ou seja, a nossa capacidade de compreensão e de retenção é limitada."
Aqui fez-nos "ir" a S. Tomás de Aquino para nos dizer que "a estudiosidade é diferente da curiosidade. Falar da curiosidade é falar da procura do conhecimento, sem qualquer ordem. É fundamental ensinar os alunos a lidar com as informações: devemos aprender a seleccionar, primeiro, o que nos interessa a nós e, depois, aos nossos alunos".
"É fundamental ordenar a mente; ensinar pouco e bem". O contrário leva-nos a afirmar que "temos doutos ignorantes, ou seja, doutos que têm muita informação, mas não sabem coisa nenhuma."
"No PENSAR A EDUCAÇÃO, "há um debate hoje: a diferença entre ESTRUTURAÇÃO e CRIATIVIDADE."
"Falar de estruturação "é tratar da forma como estruturar e esquematizar a informação. Nisto assentava a política de educação no antigamente".
"A criatividade leva-nos à originalidade, a ter uma atitude artística perante a realidade. HOJE a educação assenta predominantemente (se não essencialmente) nesta única dimensão." Ora, "na atitude do Homem perante o Mundo há estas duas realidades. E o problema é que estas duas realidades são necessárias: umas vezes precisamos de ter um espírito mais analítico, outras, um espírito mais criativo. Há aqui a necessidade de compreender que estas duas forças são necessárias: o ser humano vive na fecundidade que precisa de ser ordenada. Dado que os programas educativos preferem o primado da criatividade, nós, professores, temos de encontrar um equilíbrio na sala de aula."
Para ilustrar a questão que se levanta entre CONTEÚDO E MÉTODO, o Dr. João César das Neves usou o texto do livro "Tom Sawyer (?) na passagem em que o protagonista recebe da tia o castigo de pintar a cerca do jardim e a e este transforma o castigo num divertimento. De tal maneira que quem cumpre o castigo são os amigos, que até lhe pagam para isso."
E CONTINUA:
"Hoje, os nossos métodos pedagógicos" (aqueles que o sistema preconiza) "devem conduzir ao divertimento. Isto (esta concepção) conduz ao limite dramático de considerarmos que se há trabalho, então estamos perante um defeito. Daí a tendência a escolher-se uma carreira que nos faça felizes. E, então, chegamos à situação caricata de vermos pessoas a saltar de trabalho em trabalho, porque trabalhar não é um divertimento, mas um sacrifício.Então, porque "não estou no meu lugar", mudo de trabalho... ou profissão... ou de carreira..." É fundamental passar aos alunos a informação que as dificuldades fazem parte da formação."
"A EDUCAÇÃO tem muito pouco a ver com o ENSINO. Nós, professores, somos um dos agentes educadores dos nossos alunos. A televisão é outro. E os pais também. Cada um dos agentes - pais e professores - tem de assumir o seu papel, porque a educação deve ser treinada. Na educação os gostos discutem-se. Hoje, a educação faz-se pouco na escola, porque os alunos estão na escola obrigados".
"A EDUCAÇÃO é a formação da personalidade e, por isso, é preciso ter em atenção TRÊS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS (e isto vale para qualquer educação):
1 - A TRADIÇÃO - a cultura: a pessoa é sempre educada dentro de uma cultura. Sem uma cultura não há educação.
2 - A VIVÊNCIA - a educação é feita dentro de um quadro de relação - de pessoa a pessoa - em que há o confronto com a vida "daquela pessoa" e o desejo de querer ser assim: o confronto com uma pessoa ideal.
3 - A CRÍTICA - a educação faz-se sempre na crítica, para saber o que se está a receber. Só somos, realmente, educados, quando constatamos uma coisa e a aceitamos. É um começar por pôr em dúvida para, depois, aceitar."
"Hoje, estes três elementos andam muito confusos", o que nos leva à percepção dos "PROBLEMAS DO NOSSO TEMPO":

I - "O nosso tempo não defende a tradição, a cultura, mas a tolerância, que quer dizer: a afirmação que tudo é igual. Isto é a anulação da cultura. É a destruição da educação. A tolerância não é respeito pela diferença. Devemos dar abertura à crítica, mas só é possível criticar quando se tem alguma coisa á partida. Não se pode viver sem uma tradição. Hoje, o domínio do mais forte é o daquele que tem mais sedução, como por exemplo, a televisão..."

II - "Ao contrário de uma vivência, dá-se uma ciência. Imaginem só: quando o bébé nasce, a primeira coisa que se leva para casa é um livro sobre bébés. E ficamos aflitos quando a pessoa bébé não se encaixa na ciência sobre o que deve ser o bébé. Tem que encaixar... se não... há um defeito qualquer...Hoje criam-se espectadores, pessoas que se sentam num muro a ver passar o mundo. A ciência é fundamental, mas não podemos deixar que ela mate a vida. As vidas confrontam-se sempre."

III - "Em vez de se educar numa crítica, educa-se numa sedução. Queremos atrair os nossos alunos como único objectivo. Se nós educarmos os nossos filhos para a sedução, vamos fazer deles clientes e o "cliente tem sempre razão". Hoje os filhos são mais clientes dos pais, do que seus filhos e isto anula a capacidade de escolha."

Por hoje fico-me por aqui, porque não podemos interiorizar tudo de uma vez. Até amanhã!!!

Apresentação


Paz e Bem!
Eu sou um blog católico gerido por
Maria Teresa Monteiro,
membro da Família Secular Franciscana Hospitaleira
da Imaculada Conceição - FASFHIC.

Proponho-me pensar o mundo humano e partilhar as riquezas que vou colhendo no dia a dia nos caminhos da hospitalidade.