2011-10-05

E EU?...

Permitam-me partilhar, com grande sentido de humildade, daquela humildade cuja terminologia vem de húmus, a oração encontrada entre os pertences de um judeu morto no campo de concentração, e que li no opúsculo de apresentação do novo livro de José Tolentino de Mendonça, "Pai Nosso que estais na Terra". Aqui vai, esperando que, mais do que lê-la a título de curiosidade, ela se torne para mim (e porque não nós?!)um programa de vida.


«Senhor, quando vieres na Tua glória,
não Te lembres somente dos homens de boa vontade;
lembra-te, também, dos homens de má vontade.
E, no dia do Julgamento,
não Te lembres apenas
das crueldades e violências que eles praticaram:
lembra-Te também dos frutos que produzimos
por causa daquilo que nos fizeram.
Lembra-Te da paciência, da coragem, da confreternização,
da humildade, da grandeza de alma e da fidelidade
que os nossos carrascos
acabaram por despertar em cada um de nós.
Permite então, Senhor,
que os frutos em nós despertados
possam servir também
para salvar esses homens.»
Ámen

2011-09-29

ORAÇÃO DE TODAS AS HORAS


Agora,
que eu já não sei andar nas trevas,
não me roubes a Tua mão, Senhor,
por piedade!
Voltar às trevas não sei,
e sem a Tua mão não poderei
dar um só passo em tanta claridade.
P'las Tuas feridas minhas, p'las tristezas
de Tua Mãe, Jesus,
não me deixes no meio desta luz,
de pernas presas...
Não me deixes ficar
com o Caminho todo iluminado
e eu parado e tão cansado
como se fosse a andar...
(Sebastião da Gama in "Serra Mãe")