Profundo e íntimo era o amor que Madre Maria Clara dedicava ao Sagrado Coração de Jesus. Certamente herdado da terna devoção que o fundador, Padre Raimundo, Lhe consagrava, mas também absorvido desse "cristocentrismo do Coração" que dominou a segunda metade do séc. XIX.
O "Coração" que se considera é o da Paixão e o da Cruz, por um lado, e o da Eucaristia, por outro. Enquanto que do recurso à misericórdia brota a confiança, do recurso ao amor brota a conversão, que induz a sofrer com o Salvador.
É exactamente na contemplação deste amor ofendido, pleno de misericórdia, e no desejo de pagar-lhe com igual amor, que Mãe Clara podia animar suas irmãs a servir, amar e reparar. Escreve ela na 12.ª Circular, de 11/1/1899:
"vivendo de abnegação e de sacrfício, ela (a religiosa, o cristão leigo) trabalhará por despir-se do velho homem e renovar-se no espírito do homem novo, e, como o nosso Santo Pai (S. Francisco de Assis), terá sempre em seus lábios e no seu coração estas palavras: "Meus Deus e meu tudo!". E Deus, em Sua infinita misericórdia e em Seu imenso amor, aceita como um perene holocausto, as suas mínimas palavras, os seus suspiros; tudo nela (em nós ) é (deve ser) um mérito e uma oração."
Nesta perspectiva do "Reinado Universal do Coração de Jesus" é que se situa esse momento alto da história da Congregação, realizado no dia 26 de Junho de 1882: a Consagração solene e oficial da Congregação ao Coração Sagrado do Redentor e Rei de todos os corações.
Por esse gesto de tão profundo amor e devoção, Mãe Clara queria oferecer-Lhe (e certamente também o quer hoje, da janela com que nos observa e acompanha lá no céu) o coração de cada uma das Irmãs e colocar sob a Sua protecção todas as pessoas e obras para as quais trabalhavam. Mas queria, igualmente que o coração de cada hospitaleira/o palpitasse em uníssono com esse Coração Sagrado, ferido e aberto, a fim de poder assimilar os Seus mesmos sentimentose de O ter sempre como ÚNICO SENHOR E MESTRE de toda a sua vida.
Para realizar essa intenção reparadora e obter do Céu a conversão da humanidade, fundou-se, também, no mesmo dia 26 de Junho de 1882 a "Arquiconfraria do Sagrado Coração de Jesus".
Até 1910, o Livro dos Nomes das Irmãs associadas à Arquiconfraria do Coração de Jesus, agora conservado na Torre do Tombo , em Lisboa, regista o total de 1095 Irmãs Hospitaleiras. Por onde se pode concluir que pertencer à Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras significava também, estar directamente consagrada ao Coração de Jesus e comprometida no "Apostolado da Oração".
Existe um facto, que nada tem de casual, e que está profundamente ligado ao último dia da vida da Mãe Clara: foi o último acto de piedade em que ela tomou parte. Exactamente nessa tarde, uma primeira sexta-feira, ela assistiu e participou nas celebrações da devoção do Coração de Jesus e à recitação da Ladainha do mesmo Sagrado Coração, que, precisamente nesse dia, foi cantada nas Trinas pela primeira vez.
Essa Ladainha data, na sua maior parte, do séc. XVIII, mas, nos finais do século seguinte, Roma proibiu a sua recitação pública, porque ainda não tinha recebido a aprovação oficial.Em 1898, por pedido insistente do Bispo de Marselha, foi finalmente aprovada pela Sagraga Congregação dos Ritos e, em 1899, ano da morte da Madre Maria Clara, esta Ladainha em uso até hoje recebeu aprovação universal do Papa Leão XIII, quando ele a rezou solenemente durante o Acto Solene da Consagração do Mundo ao Sagrado Coração de Jesus.
Deus quis compensar a Sua fiel serva com a graça de viver os seus últimos momentos entre nós à sombra do Seu Sagrado Coração, invocando-O como salvação dos que nEle esperam.
2 comentários:
Na próxima sexta-feira, dia 20, realiza-se uma oração de TaiZé pelo Darfur , às 19h45m, na Igreja de S. Nicolau, na Baixa de Lisboa.
Participa e divulga! Se não puderes estar presente, reza na mesma.
bjs em Cristo
Maria João
Fé e Missão (Missionários Combonianos)
que o sacratíssimo coração de jesus reine nos nossos corações, nas nossas familias e em todo mundo
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